Diego Vieira Machado MCE em Luta!

Diego Vieira Machado
MCE em Luta!

Os estudantes do Alojamento Estudantil da UFRJ lamentam a morte de Diego Vieira Machado, aluno morador do módulo 413, negro, homossexual, oriundo da região Norte do país (Pará), neuroatípico (sofria de Transtorno de Personalidade Borderline), desassistido pela assistência estudantil da universidade, morava em um módulo sem condições estruturais fundamentais, sem banheiro ou saneamento básico, sem armário, basicamente sem parede, um quarto sem piso.
Diego era tratado por essa universidade como se fosse apenas um número de registro, uma matrícula, e não uma pessoa com subjetividades. Ele não era atendido pela UFRJ de forma humanizada, nem em relação aos problemas físicos de estrutura do local onde morava, e muito menos em relação à pessoa que era, com problemas psicológicos e necessidade de tratamento.
Diego era um artista. Escreveu, pintou, desenhou, construiu… Amigos o chamavam de “o Leonardo da Vinci do século XXI”. Era também um artista urbano, e seus escritos de “Eu sou a noite” espalhados em diversos lugares do Brasil e do mundo, e inclusive na UFRJ, o eternizarão para sempre.
Diego gostava de andar, de ser livre, e por muitas vezes se sentia preso dentro do alojamento. Era também prejudicado pela falta de estrutura de transporte e locomoção no Fundão, ficava vulnerável dentro do campus pois necessitava correr todos os dias, devido à sua condição hipoglicêmica. Sábado dia 02 de julho, interromperam seu projeto de vida, pois ele foi brutalmente assassinado a menos de 300 metros da Residência Estudantil, o local onde foi encontrado não tinha câmeras, não tinha vigilância, não tinha patrulhamento (como ocorre dentro do câmpus no geral).
E agora teremos que levá-lo dentro de um caixão e entregá-lo a sua família, que há anos o viu sair em plenas condições físicas. O que dizer para seus pais? O que dizer para seus amigos que ansiavam vê-lo graduado? Não queremos que ele vire uma estatística, mas exigimos justiça para o assassino, que essas câmeras sirvam para que o encontre e o prendam, isso não trará nosso amigo de volta, mas parcialmente amenizará nossa DOR. Estimamos o pesar a família e os amigos pela dor da perda.
Temos conhecimento de que ontem (05 de Julho), foram instaladas 17 câmeras de segurança, e esperamos, ou, melhor dizendo, exigimos que esta medida não tenha sido feita apenas como um paliativo, uma resposta rápida, ou, em termos populares, um ‘cala-boca’. Esperamos que realmente as medidas funcionem, pois é o mínimo.
Além dessa medida, os alunos moradores da Residência Estudantil possuem mais demandas, demandas essas que se tivessem sido atendidas talvez pudessem ter evitado essa tragédia bárbara.
A seguir, seguem as demandas da casa, em caráter URGENTE:
SEGURANÇA: Melhora da infraestrutura da casa e do campus, como por exemplo: mais iluminação no campus, tendo em vista que a iluminação existente não atende ao espaço geográfico do campus, além disso que se crie uma comissão de segurança pública em conjunto com os estudantes para implementar o projeto existente, além do patrulhumento ampliado e de um contato de emergência para qualquer ocorrência de violência no campus)
SAÚDE: Acompanhamento da SAÚDE MENTAL de qualidade com profissionais capacitados como psicólogos, psiquiatras, terapeutas, mais assistentes sociais que atendam na RESIDÊNCIA em tempo integral (a imediata contratação desses profissionais através do último concurso que ocorreu).
TRANSPORTE: Mais ônibus interno com intervalo de 10 em 10 minutos (tempo reduzido, tendo em vista que tanto os estudantes do Alojamento quanto os moradores da Vila Residencial necessitam de deslocamento). O intervalo existente é de 30 minutos e isto nos deixa vulnerável nos pontos dentro do campus, além disso, queremos o retorno de ônibus interno na Vila Residencial no horário noturno, pois o serviço é interrompido após as 00 h).
EDUCAÇÃO: Investimento em políticas de cultura, esporte e lazer no CAMPUS para toda a comunidade acadêmica, principalmente nos fins de semana em que ficamos tão isolados.