Alerta de textão e conteúdo pesado:
Dois alunos foram atacados nas voltas do alojamento da Universidade hoje. Após um assalto, dois estudantes decidiram revidar e foram atacados por uma gangue. Um deles foi surrado e está em observação no hospital. O outro está desfigurado após receber golpes na cabeça com paralelepípedo, em estado grave.
Ainda mais, os membros da gangue ameaçaram retornar ao alojamento para atacar aos demais alunos que estão lá.
Para a administração da universidade, a medida suficiente no momento seria APENAS a colocação de uma viatura na porta do alojamento.
Sabemos que não é.
Dois alunos foram atacados. Um está desfigurado. E há a promessa de mais ataques. Todos os alunos ali dentro estão, portanto, correndo perigo. O alojamento, como sempe, é afastado do centro e o trajeto representa perigo para todos os alojados. Era mais do que evidente que os alunos precisavam ser removidos com urgência do local onde estavam, mas ninguém queria assumir esta responsabilidade.
A Universidade novamente foi inconsequente na escolha do local para alojamento e segue sendo ineficaz na tomada de medida para proteção, AINDA QUE ESTEJA AVISADO QUE NOVAS VÍTIMAS SERÃO FEITAS.
Enquantos muitos evitam a tomada de ações, neste momento os estudantes, com quem passei a tarde – majoritariamente residentes da CEU – estão se mobilizando para, por conta própria, promover a mudança dos alojados, no senso de solidariedade que é comum a todos os moradores da Casa do Estudante. Os residentes ofereceram as instalações da própria CEU, que tem localização central e vigilância, para emergencialmente abrigar os alojados, ainda que pra isto seja preciso encher ainda mais os quartos, ocupar salas de estudo, ou todo espaço que for possível ocupar, desde que eles fiquem em segurança.
Novamente cabe aos alunos a auto organização e a assunção de tarefas diante da inércia do poder público.
O DCE UFPel foi contatado para ajudar na mudança, mas informou que “não tem carro”. Ao DCE UFPel, uma notícia: nenhum dos moradores da Casa do Estudante tem carro. Eu não tenho carro. E ainda assim estávamos lá, mobilizados, para ajudar. Contatando carros de amigos, de conhecidos, fazendo vaquinha para pagar o frete. Contando com o apoio dos residentes e de alunos que voluntariamente se mobilizaram.
Salvo engano, após o terceiro contato o DCE se dispos a reembolsar os valores de mudança (salvo engano) que já estavam sendo levantados por vaquinha entre os estudantes mobilizados. Obrigada, DCE, mas isto é pouco.
É pouco porque a obrigação de vocês, do reitor, da pro-reitora, diante de um caso tão grave, era estar ali, fazendo o que NÓS estávamos fazendo: prestando assistência, pensando soluções, nos movendo, nos mobilizando. Um dos centros acadêmicos se voluntariou a emprestar o caixa. Muitos alunos levaram o dinheiro que tinham. Passamos a tarde entre ligações e deslocamentos pensando numa solução para o problema. Pensando o que a reitoria desta universidade, o que esta porcaria de diretório central que vocês inconsequentemente elegem, não pensa.
É muito bonito ser reitor, é muito bonito ser pro-reitora, é muito bonito ser dce, é muito bonito ser prefeito, mas vocês já repararam que quando a bomba estoura é sempre o mesmo grupo de alunos que não é prefeito, reitor ou dce que se mobiliza para ajudar?
Está tudo errado nesta história. Está errado este poder público que não garante a segurança dos pelotenses. Está errada esta administração da universidade que, sabendo do quadro de violência municipal, aloja os recém-chegados em locais precários e afastados. Está errada a postura da reitoria que efetivamente ainda não percebeu que cabe a ela tomar as tarefas da universidade, verdadeiramente, integralmente. Está errada a postura do DCE que não compareceu, que não se envolve, que não se importa. Está tudo errado.
O que está mais errada é a ideia de que talvez um de nós morra, atingido por golpes de paralelepípedo. Vocês conseguem calcular a enormidade do que é este problema? A monstruosidade envolvida? Vocês conseguem entender que poderia se passar com qualquer um de nós?
Vocês conseguem tirar o problema da esfera “do outro” e entender que temos um problema “nosso”?
Por favor, consigam.
Relato de Ariane Carmo, moradora da Casa de Estudantes de Pelotas.
Por Rudnei Greque em 29 de abril de 2015 às 2:17.
Esta foto onde aparece os estudantes ocupando a frente da Reitoria é da Universidade Federal de Rio Grande – FURG e não da UFPEL.
Por charlysson em 19 de maio de 2015 às 5:06.
obrigado pelo toque Rudnei. vamos corrigir e por outra foto!
são muitas lutas e ocupações! 🙂 Há braços
Por Paulo Bezerra da Silva em 31 de dezembro de 2015 às 22:19.
Fiz enem 2014 e 2015, estava animadinho , pra ir cursar história na UFpel, moço eu tou assustado o que acontece aí, e a brigada militar? E a reitoria? Com certeza eu não vou sair da minha casa do meu conforto para engrandecer a pátria educadora colocando minha vida em risco…..ah não.!!!!!
Por charlysson em 15 de janeiro de 2016 às 20:50.
Amigo a brigada militar está e existe para defender os interesses do Estado que é administrado e dominado pela elite local, regional e nacional que pouco está interessada em garantir segurança e/ou direitos para a classe trabalhadora que ingressa na Universidade Publica na procura de um futuro melhor, de uma formação, de qualificação profissional. A reitoria se prestou a ajudar a familia do rapaz que ficou em coma, no entanto já sabemos como funciona… A administração da UFPel mais disse do que fez. As e os estudantes da Casas de Estudantes foram que organizaram uma vaquinha ajudar o rapaz.
Em todo o país jovens de todas as idades deixam suas casas e familias na busca de uma graduação, é dever dos Governos e Reitorias garantir a permanência desse novo perfil de estudantes no ensino superior publico e também no privado. No entanto nós que saímos das nossas casas sabemos que na historia do povo oprimido, que apanhou, que passou fome, que sofreu repressão policial nada é facil. Nada nos é dado. Tudo é luta. a Casa de Estudantes de Pelotas que acolhe estudantes das classes e grupos sociais mais marginalizados é fruto de ocupação. São moradoras e moradores que tem um histórico de ocuparem a reitoria da UFPel anualmente e com isso conquistarem direitos e não baixar a cabeça quando a reitoria reprime.
Paulo, amigo, se decidir ir pra Pelotas ou outra cidade onde o Movimento de Casas de Estudantes estiver inseridos saiba que tu encontrará pessoas para te acolher, tu encontrará um lugar para colocar o colchão. Terá companheiras e companheiros para dividirem contigo a comida e a fome. E então conquistaremos cada vez mais nossos direitos.