Jéssica, Marcos, Polyana, Matheus e Landa receberam a reportagem do Diário Popular em um dos quartos da casa, local onde se concentram diversos problemas. (Foto: Carlos Queiroz - DP)

Jéssica, Marcos, Polyana, Matheus e Landa receberam a reportagem do Diário Popular em um dos quartos da casa, local onde se concentram diversos problemas. (Foto: Carlos Queiroz – DP)

Por: Henrique Massaro

Fonte: Diario Popular

“Aviso: ambiente impróprio para estudo.” A frase, estampada em um cartaz fixado na parte de fora da Casa do Estudante, ilustra um pouco do cenário onde vivem os alunos com assistência estudantil da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Um Condomínio Estudantil vem sendo prometido. O projeto, segundo a Reitoria, já está pronto. Mas não é de esperança que estão tomados os moradores da casa que abriga estudantes desde 1973. A situação por lá se mostra cada vez mais crítica.

Ao entrar no imóvel e tentar ir em direção ao elevador, a reportagem é informada de que ele não funciona. Nunca funcionou, comentam, mais tarde, os universitários. Pela escada, é possível verificar uma obra parada no segundo andar. A iluminação de alguns corredores parece comprometida. E as paredes retratam a estrutura de um prédio há muito tempo sem reparos básicos.

Nos quartos, a situação não melhora. É lá que os estudantes precisam fazer praticamente tudo. Qualquer lanche precisa ser preparado, consumido e limpo ali mesmo. Não há espaço de convivência na Casa. Talheres e copos vão parar na pia do banheiro, de onde a água, assim como a dos bebedouros que ainda funcionam, “tem um gosto horrível”, conforme a estudante de Dança Jéssica Oliveira.

É em um desses dormitórios que conversamos com Jéssica e outros quatro estudantes: Marcos Jean da Silva, aluno de Meteorologia; Polyana Santos, de Bacharelado em Música e Composição; Mateus Gigante, de Artes Visuais; e Landa Alves, da Filosofia. As críticas quanto à situação da casa atual são inúmeras. Eles também reclamam da falta de espaço, da umidade, da poeira, da qualidade e da quantidade das refeições previstas pela assistência. Para lavar as roupas, os alunos contam com apenas uma máquina de lavar funcionando e outras duas estragadas. Uma das três salas de estudo é usada como depósito. Quando perguntados se ainda têm esperança de morar no Condomínio Estudantil, a resposta é unânime e proferida ao mesmo tempo: não.

Reformas da casa e mudança para outro local

Uma reforma do primeiro andar chegou a acontecer na casa e teria sido financiada pela proprietária do imóvel. No segundo andar, as obras começaram mas, pela lentidão e os transtornos com barulho e sujeira, os estudantes decidiram que o terceiro andar não seria reformado e trancaram os procedimentos no segundo.

Era prometido, para o mês de fevereiro, uma mudança para outro local até que o Condomínio ficasse pronto. Da esquina da rua Andrade Neves com General Telles, eles iriam para a Padre Anchieta, também esquina com Telles. Essa troca, no entanto, nunca aconteceu. Os estudantes, por determinação da coordenação da Casa – a cargo da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) -, encaixotaram seus pertences durante as férias para, quando voltassem do recesso, irem para o novo local.

Nesse caso, segundo o reitor Mauro Del Pino, o valor cobrado pelo outro prédio era incompatível com o que poderia ser pago. Conforme Del Pino, o custo depende de condições do governo federal e, assim que for conseguido um imóvel, os acadêmicos serão realojados. Eles, contudo, em virtude dessa mudança não ter acontecido, pedem para a obra do segundo andar ser retomada, pois, com ela, mais 20 estudantes poderiam morar no local. Também gostariam de, pelo menos, obter uma resposta da Reitoria. “Até hoje não disseram que a gente não vai mudar.”

O tão esperado condomínio

Segundo os estudantes, o primeiro dos oito blocos teria sido prometido para o primeiro semestre de 2015. Já Del Pino diz não poder precisar a conclusão do empreendimento. Ele garante apenas que o condomínio “vai ser um projeto modelo em termos de Brasil”. Ainda conforme o reitor, o projeto executivo deve ser licitado no decorrer deste mês.

A vida do estudante em vulnerabilidade social em números

Casa do Estudante (segundo os estudantes)

1973 é ocupada por estudantes

1983 passam a morar também mulheres

91 pessoas residem atualmente no local

Fora da Casa (segundo Del Pino)

835 pessoas ficam, atualmente, sem lugar na casa

R$ 360,00 é o que recebem, cada um, de auxílio-moradia

Condomínio (segundo Del Pino)

1.332 será o número de vagas no novo empreendimento

8 blocos

460 lugares no novo Restaurante Universitário do local

1,6 mil refeições por hora, aproximadamente, no novo RU

20 mil m² de terreno

* Ocupará as ruas Benjamin Constant e Conde de Porto Alegre, entre General Osório e Santos Dumont